A pessoa sabe que não é fome – afinal não faz muito que se
alimentou e a refeição foi satisfatória . Mas de repente vem aquela vontade
irresistível de devorar tudo que encontrar pela frente. É uma sensação
totalmente incontrolável com desfecho previsível: a pessoa dispara a comer até
se empanturar e sentir-se desconfortavelmente cheia. No final, além do mal
estar físico, o comedor descontrolado acaba ficando deprimido, envergonhado e
um tanto transtornado. O curioso é que não se trata mesmo de fome, mas apenas
de vontade de comer. E quando essa vontade surge de forma tão avassaladora,
caracteriza um distúrbio que os especialistas chamam de “transtorno do comer
compulsivo”, um problema que atinge um terço dos obesos e, como as demais
patologias alimentares, está claramente relacionado com as carências
psicológicas.
De alguma forma, toda compulsão, particularmente por comida,
revela ansiedade e busca de conforto nos momentos de depressão. O que
caracteriza a compulsão alimentar não é a gula, mas a relação emocional que o
sujeito tem com o que come.
Muito mais freqüente em mulheres, a doença parece ter
relação com os ciclos hormonais femininos: a incidência das crises aumenta no
período pré-menstrual, E, como a origem do problema é emocional, fazer regime
sem acompanhamento psicológico não resolve, e muitas vezes só piora a situação.
Aliás, a maior parte dos comedores compulsivos vive procurando novas dietas,
geralmente as mais restritivas. O resultado acaba sendo uma “fome crônica”,
aquela insatisfação constante que só faz acionar as crises.
Mas, junto ao apoio psicológico, a reorganização da dieta é
evidentemente necessária. Vale lembrar que quem sinaliza a necessidade de comer
é o cérebro. E o cérebro não entende de comida, entende de nutrição.
Uma má
alimentação, pobre em nutrientes ou mal combinada, não satisfaz as necessidades
do organismo , por maior que tenha sido o volume consumido. Por essa razão o
comedor de “fast food” acaba sentindo fome pouco tempo depois de se banquetear
com a grande quantidade de calorias e proteínas comumente contidas nos
alimentos industrializados. O que o cérebro denúncia é a falta de vitaminas e
enzimas tão presentes em alimentos “vivos” – legumes, verduras e frutas, cruas
ou próximas ao seu estado natural. Ou seja, alguém pode estar fisicamente
robusto e repleto de energia e mesmo assim se sentir como um “saco vazio”, a
auto-imagem típica do caráter oral depressivo.
Outra dica para amenizar a compulsão é comer lentamente e
mastigar bem, saboreando a comida. De preferência uma garfada de cada alimento
separadamente, de forma a fornecer claras informações nutricionais ao sistema e
favorecer a assimilação.
É importante se alimentar a intervalos regulares, e não
ficar horas seguidas sem comer. Evitar também alimentos muito quentes ou
gelados, pois inibem as papilas gustativas e acabam desencadeando crises. E
quando sentir vontade de comer, buscar alternativas prazerosas como caminhar,
ler, ver um bom filme ou qualquer outra atividade que distraia e dê prazer.
Exercícios respiratórios também ajudam, pois relaxam o
diafragma e aliviam a ansiedade. Um excelente exercício para o comer
compulsivo, serve também para tabagismo, a compulsão por fumar: inspire lenta e
profundamente pelo nariz, dilatando o ventre; na expiração, vá encolhendo o
ventre e elevando o diafragma enquanto exala o ar suavemente pelos lábios quase
cerrados. Experimente por 5 minutos e sinta a diferença!